quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Castelo Animado, O (2004)


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Hauru No Ugoku Shiro, Japão, 2004
Direção: Hayao Miyazaki

É inevitável comparar "O Castelo Animado" com "A Viagem de Chihiro", o filme anterior de Miyazaki, que o tornou celebrado aqui no Ocidente. Quando vi no cinema, gostei bem mais de “A Viagem de Chihiro”. Para mim foi bem mais impactante, talvez por ter sido meu primeiro contato com seus filmes. A história do “Castelo” não me envolveu tanto.

Mas vendo agora pela segunda vez, com um olhar mais atento entendi melhor a grandiosidade desse filme A começar pelo desenvolvimento dos personagens. Todos eles, inclusive os animais e seres, têm um perfil psicológico definido, têm emoções e conflitos. Na verdade todos os seres, por trás da máscara, são humanos. O foguinho Calcifer, por exemplo, que é o combustível que movimenta o castelo, alterna momentos de tristeza e felicidade e, quando elogiado pelas pessoas, se enaltece e ganha força para movimentar o castelo. Ou mesmo o cãozinho espião da rainha, que conforme convive com Sophie e seus amigos acaba virando aliado deles e passa para o “lado do bem”.

É curioso como Miyasaki brinca com as fronteiras entre o bem e o mal. A bruxa, no começa do filme, pratica a maldade, enfeitiça Sophie, tem todas as características de uma bruxa tradicional mas em determinado momento da história vira amiga da protagonista e transforma-se, fisicamente, em uma figura bonachona e divertida.

Na verdade, o que ocorre é que vários personagens teoricamente maus vão amolecendo o coração ao longo da história, para provar que no fundo ninguém é mau, as pessoas escolhem praticar maldades. Mas através do perdão da heroína, eles voltam à sua pureza original. Isso fica claro quando a bruxa, no final do filme, se convence a devolver o coração (literalmente) a Sophie depois que esta lhe abraça com compaixão. E, em consequência disso, a rainha, ao assistir à cena, decide encerrar a guerra e deixar todos em paz.

No fim das contas fica clara a mensagem de que o amor é o melhor antídoto para a guerra, é a cura para todo mal. Através do amor de Sophie por Howl o mundo inteiro retorna à paz e pode viver na tranquilidade. E é o amor também que a vivifica e rejuvenece, como se amar nos trouxesse de volta para um estado de leveza, de pureza, de plenitude. Quando o mago Howl a observa com ternura, ele deixa de ver uma velha e passa a vê-la jovem, como ela realmente é. E isso se repete em todos os momentos em que o amor está presente.


Mas talvez a mensagem mais linda do filme seja a que está presente nessas falas: “Quando se é velha, tudo o que se deseja fazer é admirar a paisagem. Que estranho. Nunca senti tanta paz na minha vida.” Ou seja, velhice não precisa ser sinônima de doença, de tristeza, mas de tranquilidade e de liberdade. Bela homenagem à vida e à maturidade.

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