terça-feira, 1 de outubro de 2013

Gravidade (2013)

Gravidade-poster

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Gravity, EUA, 2013

Direção: Alfonso Cuarón

Sete anos depois da obra-prima “Filhos da Esperança”, o mexicano Alfonso Cuarón nos presenteia com essa joia rara que, não bastasse ser genial como obra cinematográfica, ainda consegue abusar dos recursos 3D como nunca antes se viu na história do cinema.

O filme tem uma narrativa simples, e aparentemente batida, acompanhando o desespero de dois astronautas isolados na órbita da Terra após uma explosão em sua estação espacial. Os dois precisam alcançar uma estação chinesa antes que o oxigênio chegue ao fim.

A inexperiência e o desespero da personagem de Sandra Bullock se contrasta e se equilibra com a tranquilidade e segurança do personagem de George Clooney. Este, aliás, é o ator perfeito para o papel, já que usa e abusa de todo o seu charme e senso de humor para dar vida ao personagem que estende a mão e impulsiona a heroína nos dois momentos chave da trama.

A propósito, a atriz Sandra Bullock, sozinha em cena na maior parte dos 90 minutos de exibição, demonstra uma maturidade linda de se assistir. Mesmo já tendo ganhado o Oscar de melhor atriz em 2010 (por um filme, diga-se de passagem, bem medíocre), sua carreira é marcada por grandes produções hollywoodianas de apelo fácil ao público e pouca densidade dramática, desde que seu rosto se tornou conhecido em “Velocidade Máxima” de 1994. Em Gravidade, a atriz brilha, emociona do começo ao fim e consegue mostrar a atriz de peso de se tornou.

São angustiantes os momentos em que falta oxigênio à astronauta Ryan Stone. O som da respiração que vai ficando cada vez mais ofegante causa uma sensação de desespero e claustrofobia, potencializada pela vastidão do espaço que reforça o sentimento de solidão.

Não poderia deixar de comentar também o belíssimo quadro da posição fetal, o mais simbólico de todo o filme, que aparece depois de uma sequência desesperadora em que a personagem entra na estação espacial russa, tira toda a parafernália que carregava em seu corpo e finalmente consegue relaxar e, literalmente, respira aliviada.

É ótima também a pequena participação de Ed Harris somente por voz, orientando os astronautas a partir de Houston, em referência explícita a “Apollo 13”, filme que se assemelha um bastante a este, principalmente na cena final, mas que não tem metade da grandiosidade de Gravidade.

Enfim, o filme consegue mostrar de forma tocante o poder que o ser humano tem de desbravar, transpor barreiras e, sobretudo, de renascer diante de situações limite, de se superar através do instinto de sobrevivência. E, mesmo pequenos diante do universo, somos grandes no nosso desejo de evoluir.

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