sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Exposição Stanley Kubrick (2013)

stanley_kubrick_misNão vou mentir, e por mais contraditório que isso pareça, eu tenho toda a coleção e já assisti a todos os filmes do Kubrick, mas ele não é nem de longe meu cineasta preferido. Prefiro muito mais as crises existenciais e amorosas de Woody Allen, ou o sentimentalismo rasgado de Clint Eastwood, ou até mesmo a loucura passional e caliente de Pedro Almodóvar. Mas, mesmo assim, tenho extrema admiração pela genialidade de Stanley Kubrick.

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Seus filmes são tão perfeitos, tão milimetricamente calculados, tão cirurgicamente pensados, que às vezes acabam por transmitir uma certa frieza. Não sei precisar ao certo porque, mas, com exceção talvez de “Spartacus” (em que chorei de quase cortar os pulsos e que, infelizmente, é o filme do qual Kubrick menos sentia orgulho de ter realizado), sempre saio com a sensação de que vi uma obra-prima, fico pensando por horas nas mensagens subliminares, na precisão dos enquadramentos, na excelência na direção de atores, mas quase todas as impressões que tenho vêm do cérebro, e não do coração.

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Por outro lado, seus filmes são tão marcantes que de cara você vê que se trata de uma obra de Stanley Kubrick. Cada filme é uma obra prima que marcou profundamente a história do cinema à época em que foi lançado. Kubrick conseguiu abranger quase todos os temas possíveis. Para citar alguns exemplos, “O Iluminado” é um dos melhores filmes de suspense de todos os tempos. “2001 Uma Odisséia no Espaço” é um dos filmes de ficção científica que melhor retrata a evolução humana. “Spartacus” é o melhor épico, que melhor retratou a luta de classes e um dos mais grandiosos de todos os tempos. “Laranja Mecânica” provocou comoção mundial quando foi lançado e questiona de forma precisa os limites da influência do Estado no livre arbítrio das pessoas, “Nascido Para Matar” mostra assustadoramente como o ser humano é transformado em zumbi quando treinado pra ir à guerra. “De Olhos Bem Fechados” vai a fundo na questão da fidelidade conjugal e na utopia do desejo monogâmico. Sem contar na genialidade de “Lolita”, baseado no texto de Nabokov, “Dr. Fantástico”, a beleza estonteante dos quadros renascentistas de “Barry Lyndon”, o divertidíssimo “O Grande Golpe”, do início da carreira etc.

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A exposição, que felizmente veio para SP na íntegra, é incrível, perfeita, à altura da grandiosidade do artista! Cada setor foi cuidadosamente organizado com fotogramas, peças de figurino, material de divulgação, cenários, dispostos por salas e corredores labirínticos que refletem lindamente a mente maluca e genial do diretor norte-americano.

Cada cortina (com o perdão do trocadilho) descortina um mundo todo peculiar e temático, meticulosamente recheado com memorabílias que deixam qualquer colecionador ou amante da sétima arte de boca aberta.

Por fim, vale reproduzir duas frases do cineasta que me tocaram profundamente à saída exposição: “Sugerir que eu tire férias do cinema é como dizer a uma criança que tire férias da brincadeira” e “O teste de uma obra de arte é, no fim, nossa afeição por ela, não nossa capacidade de explicar por que é boa”. Genial!

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